20. Dois homens, duas ações, dois destinos
a. Como somos condenados pelo pecado do primeiro Adão, somos justificados pela obediência do último Adão. De acordo com essa visão, Deus não tratou os homens como um campo de milho, cada um representando a si mesmo, ou como seixos de areia na praia, cada um isolado e independente de todos os outros. Pelo contrário, ele lidou com os homens como com uma árvore, isto é, todos os galhos estavam compartilhando uma raiz comum. Enquanto a raiz permanece saudável, os ramos permanecem saudáveis. Quando o machado corta e corta a raiz, todos morrem.
b. A principal objeção a essa visão é o que parece ser a injustiça dela. Responsabilizar eternamente toda a raça humana pelo pecado de um de seus membros parece moralmente inconcebível. Mas vamos dar ao apóstolo Paulo a chance de explicar isto!
(1) Devemos saber por que o pecado não é levado em conta onde não há Lei. A Lei é feita de mandamentos escritos, de cláusulas. Onde não há Lei, não há mandamentos. Logo, há libertinagem, isto é, uma falsa liberdade. Antes da Lei, o pecado não era tomado em conta para a condenação, pois todos já estavam condenados ao juízo que era a morte. A morte era o pagamento pelos pecados cometidos; por isso, os pecados não eram tomados em conta para condenação dos homens.
(2) Os homens estavam vivendo uma vida tão pecadora que a sua condenação já havia passado todos os limites. Os pecados que cometessem como crimes, ofensas, etc., não faziam diferença na condenação dos homens, que era a maior de todas as sentenças, a morte. Por isso, o pecado já não era tomado em conta para a condenação. A lei foi estabelecida para pôr em ordem a humanidade e exaltar as virtudes humanas, isto é, frear os seus vícios. Esta lei, a princípio, era conhecida como ética inerente na consciência de cada ser humano. Mas, pelo avultar do pecado, foi sendo coberta pelas injustiças e pela falta de juízo e de força entre a humanidade, por causa da possessão demoníaca e da opressão satânica sobre o mundo.
c. Mas aí alguém irá perguntar: por que Deus ofereceu a lei somente aos hebreus? Porque ele deveria estabelecer uma nação responsável para promulgá-la entre as nações e, a partir dessa nação, alcançaria a todos os povos com essa lei; esta lei não era outra senão a mesma lei que estava intrínseca no coração de todos os homens, isto é, a lei moral. O objetivo divino ao escolher a nação de Israel servia para isso: despertar entre todas as nações essa lei moral que já estava gravada no coração de todos os homens. Assim que Abraão deveria ser bênção para todas as demais nações (Gn 12:1-7).
d. O pecado já era uma atitude antiética, já estava no mundo quando Deus estabeleceu as regras para o seu sacerdócio, no meio de seu povo, Israel. Por essas regras, o seu povo poderia ser uma bênção às nações. Quando a lei foi estabelecida, Israel passou a vangloriar-se no privilégio de ter a lei de Deus, esquecendo-se dos seus deveres àqueles que não tinham a lei escriata. Assim, esta vanglória os isolou das nações, a ponto de Moisés reclamar isto com Deus (Êx 33:16):
“Acaso, não é por andares tu conosco, que separados seremos, eu e o teu povo, de todas as nações que há sobre a face da terra?”.
e. Não! Era para que o povo fosse bênção sacerdotal para as demais nações. Mas este povo se sentiu privilegiado por sua escolha e abandonou o seu dever para com as demais nações.
Romanos 5:13: Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas onde não há lei o pecado não é tomado em conta. (Rm 4:15)
f. A morte era o maior juízo que representava a condenação de todos os pecadores os quais já não tinham mais limites; mas este juízo tardaria muito para ser executado; pois, todos já estavam julgados e condenados à pena capital; mas, como esse juízo não executado imediatamente, a desordem ficou estabelecida entre os homens; assim, a morte reinou como juízo geral até a lei de Moisés (Rm 5:14). Com a chegada da Lei, os pecados eram julgados e tomados em conta sob à medida do juízo preestabelecido na lei escrita, na qual estavam estabelecidos os preceitos, estatutos, regimentos e novos juízos, de acordo com os atos praticados.
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